22/08/2015

Brasil: Terra do Nunca


Brasil: Terra do Nunca

Por

Sasha Lamounier

O Brasil tem um problema que quase unanimamente ignoramos. E não por acaso. E este problema são "os outros". Nós nunca estamos errados. Nós sempre estamos do lado certo. Os outros é que não são pacíficos. Os outros é que não tem racionalidade. Os outros não sabem argumentar. Os outros que odeiam. Os outros que brigam. Os outros... os outros... As outras nações são melhores que o Brasil. Os outros países tem problemas mais graves (o nosso problema é só Brasília).

Em suma, somos o país "dos outros". Nunca somos o país de nós mesmos. O problema real, portanto, é este. Os outros não são problema. NÓS somos o problema. A esquerda vive promovendo um projeto de futuro que não existe. E nós (direita) desejamos voltar a um passado que não vivemos. Somos um país de mentiras. Um país sem identidade construtiva, mas destrutiva. Nos unimos para odiar. Não vou a um jogo para ver meu time ganhar, mas para ver o outro time perder para o meu.

Como diria François de la Rochefoucault: "Se nós não tivéssemos defeitos, não teríamos tanto prazer em notá-los nos outros".

Sergio Buarque de Hollanda disse: o povo brasileiro é um povo cordial. E ele está certo. Cordial vem do latim "cordialis", que significa coração. Nós somos passionais. Não vibramos com um pensamento porque acreditamos nele, mas porque odiamos o seu contrário. Odiar é paixão também. E essa é a principal característica do brasileiro.

Estabeleçamos, portanto, um pacto de consciência nacional:

1º. Nós não somos o país do futuro.
2º. Nosso passado não é mais glorioso do que o nosso presente.
3º. O paulista não é melhor do que o nordestino.
4º. O carioca não é mais violento do que o paulista.
5º. Nós tivemos e temos tido continuadas guerras civis pelo Brasil, desde a Guerra da Cisplatina até as Favelas.
6º. Nós nos odiamos mutuamente.
7º. Amamos a fantasia que nos parece mais amena.
8º. Somos hipócritas e cínicos.
9º. Não sabemos quem somos.
10º. Não aprendemos a construir, mas a rejeitar construções.

Quando compreendermos estes 10 pactos, entenderemos que não somos um país por construir. Somos um país em plena construção neste exato momento. Assim como foi há 20 anos atrás, há 50, há 100 e há 200, quando ainda éramos colônia de Portugal. O índio não era mais pacífico do que o português. O europeu não é mais inteligente do que o africano. E nós não somos melhores ou piores do que nenhum outro povo na história da humanidade. Não somos povo escolhido de nada. Somos o que somos. E está na hora de aprendermos a ser "isso".


23 de Agosto de 2015



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