PELO DIREITO DE SER COXINHA!
O Termo
Diz-se que o termo “coxinha” surgiu como
apelido dos policiais paulistanos nos anos 1980, pelo fato que em seus
intervalos, os policiais almoçavam com vale-refeição de baixo custo, sendo estes
vales apelidados de “vale-coxinha”, tendo como referência o popular salgadinho
tipicamente brasileiro. Hoje, inclusive, policial e coxinha são praticamente
sinônimos em São Paulo. Depois, com a popularização dos programas policiais de
TV, o termo ampliou-se, alcançando toda pessoa preocupada com segurança, sendo,
por conta disso, associadas à classe média paulistana. A partir daí, o termo
começa a ser associado aos “mauricinhos”, ou “filhinhos de papai”. É um termo oriundo
de São Paulo, para muitos, a terra de todos os coxinhas. [1]
A sua conotação ideológica e abrangência
nacional, no entanto, ganhou maior destaque durante as manifestações de Julho
de 2013, onde brasileiros resolveram sair às ruas para manifestar todo tipo de
insatisfação e bandeiras. Manifestações estas iniciadas em São Paulo (movimento
do Passe-Livre).
Tendo como base este pano de fundo, o
que seria o “coxinha” nacionalmente conhecido? Na gíria esquerdista, o coxinha
é uma derivação do “mauricinho” anteriormente citado. É aquele jovem de classe
média, que luta para ser um bom aluno, sem colar na prova, é o cara que estuda
em faculdade particular, ou o que tem um emprego e está feliz por estar
inserido no mercado de trabalho. É o cara considerado “coxinha”, por ser “engomadinho”,
“careta”, defensor dos “bons costumes” etc. Mas na verdade, o coxinha “ideológico”
é todo aquele que discorda ou pensa diferente das políticas e bandeiras da
esquerda, seja no campo social ou econômico. Ou seja, “coxinha” significa “pequeno
burguês”. [2] [5]
Engomados, bons moços, preocupados em acentuarem suas diferenças do resto da sociedade, inimigos da crítica... Acabaram ridicularizados pelo restante da sociedade. Antes dos protestos, eles só eram visíveis em São Paulo. [1]
"Inimigo da crítica" é o menos compreensível. Visto que o coxinha, em si, não apelida ninguém que discorda dele. Mas, continuando...
Engomados, bons moços, preocupados em acentuarem suas diferenças do resto da sociedade, inimigos da crítica... Acabaram ridicularizados pelo restante da sociedade. Antes dos protestos, eles só eram visíveis em São Paulo. [1]
"Inimigo da crítica" é o menos compreensível. Visto que o coxinha, em si, não apelida ninguém que discorda dele. Mas, continuando...
Não é de hoje que a esquerda apelida
seus inimigos ideológicos. Podemos dizer que isso vem desde Marx, que
transformou todo proprietário privado dos meios de produção em exploradores
malvadões de trabalhadores. “A história da sociedade até aos nossos dias é a
história da luta de classes”, diria Karl Marx no Manifesto do Partido
Comunista. [3]
E apelidar todo jovem que discorda das
bandeiras da esquerda de “coxinha” é nada mais e nada menos do que promover a
luta de classes, tão necessária para que a luta marxista tenha sentido. Ter um
inimigo declarado é fundamental para a esquerda, que precisa de um discurso “messiânico”
para, deste modo, instaurar a ditadura do proletariado que é, em última
instância, o objetivo de todo comunista.
Decifrando
o “Coxinha” e o “Esquerdista anti-coxinha”.
Compreendido o que o termo coxinha
conota, vamos entender quem é seu crítico. Tomo como ponto de partida as
definições dadas a quem é “coxinha”, contrapondo-o com aquele que o critica. Se
alguém critica o “coxinha”, é porque este alguém é anti-coxinha, certo? Nesse
caso, tudo o que direi a seguir é pertinente à negação daquilo que o termo “coxinha”
significa politicamente. Se o leitor achar rasa as comparações, é porque a
definição de “ser coxinha” já é rasa. Se o coxinha é a favor dos "bons costumes", então, pela lógica, o esquerdista é contra os "bons costumes". Então, vamos lá.
Quem é o jovem esquerdista? Seria aquele
jovem pobre, que lutou para passar no ENEM, se esforçou para ter um emprego e
ganhar na vida? Não! Isso é ser coxinha demais. Como pode um esquerdista ser
coxinha? Como pode um esquerdista passar de ano sem colar? Como pode um
esquerdista passar no ENEM ou estudar numa faculdade particular, se ele é
contra estudar a sério? Não faz sentido. Afinal, para que estudar se a vida é
mais do que “bater ponto” no trabalho, não é?
Bom, vamos pelas definições. O
esquerdista é tudo aquilo que o coxinha não é. Então podemos dizer que:
1º. Se ser coxinha é ser “engomadinho”,
portanto, “careta” ou “bem arrumado”, devo crer que o esquerdista é um jovem em
busca de novas experiências na vida, livre, sem apreço por nenhum movimento estilístico
e desprendido de tudo e todos. Algo como Alexander Supertramp (se nunca ouviu
falar, Google!). Correto?
2º. Pelo fato de coxinha, o original,
ser um salgado popular, devo também concluir que todo “coxinha” é uma pessoa
humilde e/ou batalhador, certo? Afinal, a origem do termo vem de policiais que
almoçavam vale-refeições de baixo custo para, depois do “rango”, trabalharem
para servir a população. Nesse caso, o esquerdista é aquele que não come
coxinha, pois come coisa melhor (tipo caviar), não é?
3º. Bom, se o coxinha é o oposto do
esquerdista, então ele é anti-Estado e anti-intervenção econômica também (Estado
grande e mercado regulado são bandeiras da esquerda). Logo, o coxinha é aquele
que prefere gastar seu dinheiro ganho no trabalho no mercado ao invés de usar
serviços públicos. Logo, o esquerdista é aquele que só usa serviços públicos.
Até aqui se conclui que o esquerdista é
uma mistura de Alexander Supertramp com Robin Hood e Chê Guevara, acertei?!
Se o “pequeno burguês” é a favor da
meritocracia, podemos dizer que o esquerdista é contra a meritocracia. Se o “coxinha”
é a favor de estudar e trabalhar, para ter o seu dinheiro, então o esquerdista
não quer estudar e nem trabalhar. Se o “coxinha” se veste mais ou menos
arrumado, então o esquerdista é contra todo tipo de movimentos estilísticos. Se
o “coxinha” é “filhinho de papai rico”, então o esquerdista é “filhinho de
papai pobre”. Se o “coxinha” é a favor do livre-mercado, então o esquerdista é
a favor de alta regulação do Estado, inclusive de impostos para sustentar todos
os serviços públicos.
Nesse caso, o que é o esquerdista?
Na melhor das hipóteses, o esquerdista é
um vagabundo que não quer estudar, não quer trabalhar, quer gastar um dinheiro
que ele não ganha (mas vem de algum lugar, talvez do “pai pobre” dele) para
pagar impostos e ainda tem alguma aversão a alimentos populares. É o cara que pede "cola" da prova ao nerd, ao invés de dar a "cola".
Já o “coxinha” é o inverso. É quem dá a cola! É o cara que
se mata para estudar corretamente, respeita e honra o dinheiro de seus pais,
procura se formar e exercer uma profissão, ganhar seu dinheiro no mercado de
trabalho e utilizar apenas o SEU dinheiro ganho para se beneficiar de serviços
privados. Então o “coxinha” é Christopher McCandless!
Conclusão
Após tudo o que foi verificado, a
pergunta fundamental é: o que ganha o anti-coxinha sendo anti-coxinha? Qual é o
grande mal que o coxinha oferece para a sociedade? Será tão ruim estudar,
trabalhar, ir para o mercado de trabalho e construir uma vida? Será que
nascemos para não estudar, não trabalhar e viver à custa dos outros? De onde
vem os recursos para aquilo que possuo? De onde vem o meu conforto? A comida na
minha geladeira, de onde vem? Quem faz aquilo chegar até mim? Como que um lápis
produzido graças ao trabalho e estudo de tantos coxinhas mundo afora pode ser
tão ruim?
Se o coxinha é aquele que estuda e
trabalha, que valoriza princípios e estima o ganho individual, portanto a
meritocracia, então o coxinha é o construtor de tudo aquilo que a humanidade
utiliza. Principalmente da tecnologia! Nesse caso, Bill Gates, Steve Jobs, Mark
Zuckerberg e Larry Page são coxinhas!
Entre ser um nada, que não estuda, não trabalha,
é pobre, que utiliza o pouco dinheiro do pai para pagar impostos (serviços
públicos arrecadam dinheiro de algum lugar e empresas produzem para alguém) ou
ser um jovem estudante, filho de uma família igualmente batalhadora,
empreendedora, com perspectivas de futuro e interesse em gastar apenas seu
dinheiro ganho pelo seu trabalho, quem você gostaria de ser?
Alexander Supertramp ou Christopher McCandless?
Se você ainda não procurou no Google,
talvez por considera-lo um site coxinha demais, assista ao filme “Into the Wild”,
de Sean Penn e você entenderá o que significa estes nomes acima citados. [4]
Finalizo apenas com minha reivindicação:
que todos tenham o DIREITO de serem COXINHAS, para que, um dia, possamos viver
numa sociedade inteira feita de coxinhas!
Grato pela leitura,
Sasha Lamounier
Um Liberal Clássico
Porto – Portugal
02 de Setembro de 2014;
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Fontes
e Referências:
muito bom cara, uma ótima reflexão
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