01/09/2014

Pelo Direito de ser Coxinha!



PELO DIREITO DE SER COXINHA!




O Termo

Diz-se que o termo “coxinha” surgiu como apelido dos policiais paulistanos nos anos 1980, pelo fato que em seus intervalos, os policiais almoçavam com vale-refeição de baixo custo, sendo estes vales apelidados de “vale-coxinha”, tendo como referência o popular salgadinho tipicamente brasileiro. Hoje, inclusive, policial e coxinha são praticamente sinônimos em São Paulo. Depois, com a popularização dos programas policiais de TV, o termo ampliou-se, alcançando toda pessoa preocupada com segurança, sendo, por conta disso, associadas à classe média paulistana. A partir daí, o termo começa a ser associado aos “mauricinhos”, ou “filhinhos de papai”. É um termo oriundo de São Paulo, para muitos, a terra de todos os coxinhas. [1]

A sua conotação ideológica e abrangência nacional, no entanto, ganhou maior destaque durante as manifestações de Julho de 2013, onde brasileiros resolveram sair às ruas para manifestar todo tipo de insatisfação e bandeiras. Manifestações estas iniciadas em São Paulo (movimento do Passe-Livre).

Tendo como base este pano de fundo, o que seria o “coxinha” nacionalmente conhecido? Na gíria esquerdista, o coxinha é uma derivação do “mauricinho” anteriormente citado. É aquele jovem de classe média, que luta para ser um bom aluno, sem colar na prova, é o cara que estuda em faculdade particular, ou o que tem um emprego e está feliz por estar inserido no mercado de trabalho. É o cara considerado “coxinha”, por ser “engomadinho”, “careta”, defensor dos “bons costumes” etc. Mas na verdade, o coxinha “ideológico” é todo aquele que discorda ou pensa diferente das políticas e bandeiras da esquerda, seja no campo social ou econômico. Ou seja, “coxinha” significa “pequeno burguês”. [2] [5]

Engomados, bons moços, preocupados em acentuarem suas diferenças do resto da sociedade, inimigos da crítica... Acabaram ridicularizados pelo restante da sociedade. Antes dos protestos, eles só eram visíveis em São Paulo. [1]

"Inimigo da crítica" é o menos compreensível. Visto que o coxinha, em si, não apelida ninguém que discorda dele. Mas, continuando...

Não é de hoje que a esquerda apelida seus inimigos ideológicos. Podemos dizer que isso vem desde Marx, que transformou todo proprietário privado dos meios de produção em exploradores malvadões de trabalhadores. “A história da sociedade até aos nossos dias é a história da luta de classes”, diria Karl Marx no Manifesto do Partido Comunista. [3]

E apelidar todo jovem que discorda das bandeiras da esquerda de “coxinha” é nada mais e nada menos do que promover a luta de classes, tão necessária para que a luta marxista tenha sentido. Ter um inimigo declarado é fundamental para a esquerda, que precisa de um discurso “messiânico” para, deste modo, instaurar a ditadura do proletariado que é, em última instância, o objetivo de todo comunista.



Decifrando o “Coxinha” e o “Esquerdista anti-coxinha”.

Compreendido o que o termo coxinha conota, vamos entender quem é seu crítico. Tomo como ponto de partida as definições dadas a quem é “coxinha”, contrapondo-o com aquele que o critica. Se alguém critica o “coxinha”, é porque este alguém é anti-coxinha, certo? Nesse caso, tudo o que direi a seguir é pertinente à negação daquilo que o termo “coxinha” significa politicamente. Se o leitor achar rasa as comparações, é porque a definição de “ser coxinha” já é rasa. Se o coxinha é a favor dos "bons costumes", então, pela lógica, o esquerdista é contra os "bons costumes". Então, vamos lá. 

Quem é o jovem esquerdista? Seria aquele jovem pobre, que lutou para passar no ENEM, se esforçou para ter um emprego e ganhar na vida? Não! Isso é ser coxinha demais. Como pode um esquerdista ser coxinha? Como pode um esquerdista passar de ano sem colar? Como pode um esquerdista passar no ENEM ou estudar numa faculdade particular, se ele é contra estudar a sério? Não faz sentido. Afinal, para que estudar se a vida é mais do que “bater ponto” no trabalho, não é?

Bom, vamos pelas definições. O esquerdista é tudo aquilo que o coxinha não é. Então podemos dizer que:

1º. Se ser coxinha é ser “engomadinho”, portanto, “careta” ou “bem arrumado”, devo crer que o esquerdista é um jovem em busca de novas experiências na vida, livre, sem apreço por nenhum movimento estilístico e desprendido de tudo e todos. Algo como Alexander Supertramp (se nunca ouviu falar, Google!). Correto?

2º. Pelo fato de coxinha, o original, ser um salgado popular, devo também concluir que todo “coxinha” é uma pessoa humilde e/ou batalhador, certo? Afinal, a origem do termo vem de policiais que almoçavam vale-refeições de baixo custo para, depois do “rango”, trabalharem para servir a população. Nesse caso, o esquerdista é aquele que não come coxinha, pois come coisa melhor (tipo caviar), não é?

3º. Bom, se o coxinha é o oposto do esquerdista, então ele é anti-Estado e anti-intervenção econômica também (Estado grande e mercado regulado são bandeiras da esquerda). Logo, o coxinha é aquele que prefere gastar seu dinheiro ganho no trabalho no mercado ao invés de usar serviços públicos. Logo, o esquerdista é aquele que só usa serviços públicos.

Até aqui se conclui que o esquerdista é uma mistura de Alexander Supertramp com Robin Hood e Chê Guevara, acertei?!

Se o “pequeno burguês” é a favor da meritocracia, podemos dizer que o esquerdista é contra a meritocracia. Se o “coxinha” é a favor de estudar e trabalhar, para ter o seu dinheiro, então o esquerdista não quer estudar e nem trabalhar. Se o “coxinha” se veste mais ou menos arrumado, então o esquerdista é contra todo tipo de movimentos estilísticos. Se o “coxinha” é “filhinho de papai rico”, então o esquerdista é “filhinho de papai pobre”. Se o “coxinha” é a favor do livre-mercado, então o esquerdista é a favor de alta regulação do Estado, inclusive de impostos para sustentar todos os serviços públicos.

Nesse caso, o que é o esquerdista?

Na melhor das hipóteses, o esquerdista é um vagabundo que não quer estudar, não quer trabalhar, quer gastar um dinheiro que ele não ganha (mas vem de algum lugar, talvez do “pai pobre” dele) para pagar impostos e ainda tem alguma aversão a alimentos populares. É o cara que pede "cola" da prova ao nerd, ao invés de dar a "cola". 

Já o “coxinha” é o inverso. É quem dá a cola! É o cara que se mata para estudar corretamente, respeita e honra o dinheiro de seus pais, procura se formar e exercer uma profissão, ganhar seu dinheiro no mercado de trabalho e utilizar apenas o SEU dinheiro ganho para se beneficiar de serviços privados. Então o “coxinha” é Christopher McCandless!


Conclusão

Após tudo o que foi verificado, a pergunta fundamental é: o que ganha o anti-coxinha sendo anti-coxinha? Qual é o grande mal que o coxinha oferece para a sociedade? Será tão ruim estudar, trabalhar, ir para o mercado de trabalho e construir uma vida? Será que nascemos para não estudar, não trabalhar e viver à custa dos outros? De onde vem os recursos para aquilo que possuo? De onde vem o meu conforto? A comida na minha geladeira, de onde vem? Quem faz aquilo chegar até mim? Como que um lápis produzido graças ao trabalho e estudo de tantos coxinhas mundo afora pode ser tão ruim?

Se o coxinha é aquele que estuda e trabalha, que valoriza princípios e estima o ganho individual, portanto a meritocracia, então o coxinha é o construtor de tudo aquilo que a humanidade utiliza. Principalmente da tecnologia! Nesse caso, Bill Gates, Steve Jobs, Mark Zuckerberg e Larry Page são coxinhas!

Entre ser um nada, que não estuda, não trabalha, é pobre, que utiliza o pouco dinheiro do pai para pagar impostos (serviços públicos arrecadam dinheiro de algum lugar e empresas produzem para alguém) ou ser um jovem estudante, filho de uma família igualmente batalhadora, empreendedora, com perspectivas de futuro e interesse em gastar apenas seu dinheiro ganho pelo seu trabalho, quem você gostaria de ser?

Alexander Supertramp ou Christopher McCandless?

Se você ainda não procurou no Google, talvez por considera-lo um site coxinha demais, assista ao filme “Into the Wild”, de Sean Penn e você entenderá o que significa estes nomes acima citados. [4]

Finalizo apenas com minha reivindicação: que todos tenham o DIREITO de serem COXINHAS, para que, um dia, possamos viver numa sociedade inteira feita de coxinhas!



Grato pela leitura,


Sasha Lamounier
Um Liberal Clássico

Porto – Portugal
02 de Setembro de 2014;


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Fontes e Referências:












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