26/05/2015

Meritocracia e o caminho para a Felicidade




Meritocracia e o caminho para a Felicidade

Por

Sasha Lamounier


Com certeza você já ouviu falar em “meritocracia”. E com 99% de certeza, essa palavra influencia sua vida de algum modo, direta ou indiretamente. Seja através da escola, faculdade, trabalho, ideologia, família ou sociedade de forma geral, a menção de honra ao mérito lhe é conhecido. Mas, afinal, o que é meritocracia?

Do latim meritum, "mérito" e do sufixo grego antigo κρατία (-cracía), "poder”, meritocracia significa em sctricto sensu “poder do mérito”, ou, “mérito com poder”. O mérito é a aptidão dado a algum sujeito. É uma forma de adequação do ser a algum estado esperado, estado dito aqui no sentido de “condição”. Portanto, meritocracia pode ser compreendida como a condição de representar uma expectativa esperada por alguma entidade. Se você corresponde à expectativa, então você possui o mérito.

Mas que expectativa? Depende de que mérito estamos falando. Se você trabalha numa empresa e espera ser promovido, a expectativa é que você irá trabalhar corretamente para que esta promoção chegue algum dia. Por exemplo, você irá fazer o que é preciso para se destacar. E ao ser reconhecido por este esforço, você receberá a recompensa esperada. Logo, pode-se dizer que a empresa respeitou a meritocracia, pois reconheceu o seu mérito de buscar um determinado fim.

Posto isso, podemos definir a meritocracia como o sistema onde o agente (aquele que age) busca um determinado fim, com o objetivo de satisfazer alguma necessidade. Se sua busca for bem sucedida, pode-se afirmar que o agente teve seu “mérito” reconhecido.

Uma sociedade de meritocracia é, basicamente, uma sociedade de expectativa. Espera-se alguma coisa do agente sempre. A questão chave, contudo, é justamente a mais óbvia: quem é este que espera algo?

Pode ser uma empresa, pode ser sua família, pode ser seus amigos, pode ser sua escola, pode ser você mesmo! Mais importante do que entender a meritocracia, é compreender para quem existe o mérito. Este é o problema central do termo que se tornou, para o liberalismo, um verdadeiro engodo.

Defender a meritocracia é defender o sistema da expectativa. Contudo, quem controla a expectativa é quem tem o poder. Para o liberalismo, espera-se que todos sejam livres respeitando-se uns aos outros. Respeitando-se a dignidade humana. O mérito, para o liberal, significa apenas aquele que respeita os direitos individuais: vida, liberdade e propriedade. Uma pessoa, uma entidade que age desta maneira, possui para nós um mérito. O mérito para o liberalismo nunca foi “fazer de tudo pelo dinheiro”. Isso é invenção da esquerda.

Para o socialista, contudo, também existe mérito. E o seu mérito é outra coisa. Se um governo controla a intervém na economia, de forma a “socializar os meios de produção”, então este governo é um governo de mérito. Se as empresas ficam com menos lucro graças a uma lei, então esta lei tem um mérito, para o esquerdista.

Portanto, “meritocracia” não é um sistema liberal. Na verdade, meritocracia é um sistema humano, sem dono. Trata-se apenas do sistema das expectativas. Se cada indivíduo identificar quem é aquele que tem expectativa, ele será livre. Se você atende a uma expectativa que não é sua, de que forma você pode ser livre? Se o que a empresa espera de você não lhe faz feliz, para que continuar neste emprego? Se seus amigos não correspondem ao que você busca, para que manter estes amigos? O ser mais importante é você mesmo. Identifique quem é você.

Muitas vezes na vida nós repetimos as expectativas dos outros. Reproduzimos o que a empresa quer de nós. E quando nos tornamos incapazes de entregar o serviço esperado, a “meritocracia” entra em ação e nos deixa deprimidos, infelizes, como se fôssemos o ser mais irresponsável do mundo. Ignoramos que muitas vezes a expectativa nunca foi nossa! Nós a compramos por algum motivo.

Isso também pode ser observado nos relacionamentos. Se sua namorada ou namorado espera algo de você e você não entrega o que é esperado, ele ou ela começará a cobrar. E esta cobrança logo se tornará um problema, se tornará motivo de brigas sem sentido, até um dia o casal se separar.

Quem é aquele que espera? É a pergunta mais importante quando se fala de meritocracia. Para quem há o “mérito”? Durante toda a sua vida você comprou o que lhe venderam. Eu lhe pergunto: quando você se tornará autossuficiente? Quando você comprará as suas próprias expectativas e não a dos outros?

A meritocracia como todo sistema de poder, pode funcionar para beneficiar a humanidade como também para escraviza-la. O único meio de identificar a boa meritocracia, é identificando a origem da expectativa. Se você tem uma expectativa para consigo mesmo, analise isso. Observe, veja se é isso mesmo que você quer para sua existência. Então, a meritocracia será um sistema privado, individual, e não coletivo.

Se aquilo que você espera realmente for o que você espera, então continue neste caminho. É o único caminho da felicidade.

O que é o mérito para o pobre? E para o rico? A maior parte dos problemas da humanidade advém desta falsa expectativa que cada um cria para si mesmo. Aquele que não tem sente-se impelido em ter. Ou seja, para ele, o “mérito” é significar que ele é alguma coisa que espera ser. O rico pode ter todas as riquezas materiais do mundo, mas se ele não tem um amor verdadeiro, se ele não tem o carinho dos filhos, como ele pode ser feliz? Depende do que ele busca. Se um homem é rico, mas busca o amor dos filhos, e se ele não tem este amor, então ele é pobre. Assim como o pobre pode ter o amor da família, mas se ele quer dinheiro e não tem então este será o seu problema, a sua pobreza.

Sendo assim, para ser livre do “sistema das expectativas”, que é o verdadeiro nome da meritocracia, eu lhe convido a investigar quem é aquele que possui a expectativa. Mérito de quem? Para quem? Por que você busca o que busca? Quem é aquele que busca? Quando você encontrar isso, a própria palavra “meritocracia” se tornará apenas uma palavra sem sentido. Porque você será, finalmente, livre. 


Porto -  Portugal
26 de Maio de 2015





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