A
DURA ESCOLHA
Por
Sasha Lamounier
O que direi a
seguir é uma opinião bem particular e uma reflexão que pode ou não ser
interessante para alguém. Não faço aqui nenhuma apologia a violência e tampouco
a irracionalidade. Faço uma reflexão, com base naquilo que sei sobre a
história, sobre política e sobre a formação das civilizações. Estou aberto a
críticas, contraditórios e adendos, caso o leitor as tenha.
Há momentos na
vida em que precisamos tomar uma atitude. Essa atitude pode vir de variadas
formas, mas normalmente quando a situação é extrema, tomamos atitudes extremas.
Assim como na vida, a história segue o mesmo percurso. É verdade também que
atitudes radicais geram consequências radicais. E tais consequências podem ou
não ser positivas. Tudo sempre depende das atitudes subsequentes a primeira.
Logo, nem tudo que começa bem, terminará igualmente bem. E nem tudo que começa
mal, terá de terminar mal.
O Brasil tem
vivido desde 2013 anos de movimentação e agitação permanente. Tudo aquilo que o
povo brasileiro sempre soube, veio a tona. Há muitas formas de delimitarmos o “quando”
disso ter começado. Em todo caso, não é tão relevante para o que é dito neste
artigo. O que importa é que o brasileiro hoje sabe, exatamente e abertamente,
como o sistema funciona. Não há mais desculpas para a desinformação,
especialmente na era da Internet. Sabemos o que acontece na Câmara de
Vereadores do mesmo modo que sabemos o que acontece no Senado. Tudo estás às
claras, para o brasileiro e para o mundo.
E estando tudo
à mostra, devidamente claro para todo mundo ver, o que resta para nós,
brasileiras e brasileiros, é tomar uma atitude quanto a isso. E para tanto,
devemos considerar onde estamos diante da situação.
O cenário é o
seguinte:
I.
O poder Executivo Federal está
aparelhado politicamente por marginais de colarinho branco;
II.
O Poder Legislativo Federal (Câmara
dos Deputados e Senado) está igualmente aparelhado pelos mesmos marginais e facções
criminosas.
III.
O Poder Judiciário, igualmente
envolvido em conversações e negociatas com estes poderes Executivo e
Legislativo, já não tem o respeito do povo e não é íntegro como se espera.
IV.
Os governos estaduais e municipais
estão igualmente corrompidos, cada qual em diferentes níveis e em diferentes setores.
V.
Não se pode confiar 100% na
Polícia Federal e nem no Ministério Público Federal, ainda que se possa
assegurar que nichos de ambas as instituições são formados por profissionais
sérios, enquanto outras partes podem sofrer pressões políticas e económicas
muito fortes.
VI.
A grande imprensa, sem exceção,
trabalha em função de seus interesses económicos e imediatos, não havendo
qualquer pertinência ou compromisso com a pátria brasileira e o povo
brasileiro.
É claro que
nenhuma destas afirmações acima são comprovadas como 2 + 2 = 4, uma vez que
estamos falando, precisamente, daquilo que não é dito, não é investigado e não
é procurado. Em todo caso, desde 2013 estes seis fatos acima descritos estão
aparentes e muito claros para qualquer brasileiro ver. A escolha entre ver e
não ver, é inteiramente do indivíduo.
Partindo do
pressuposto de que você, caro leitor(a), resolveu ver as verdades ditas acima,
a você cabe uma escolha. Ficar calado diante de tudo isso, ou fazer alguma
coisa. Se você escolher ficar calado, apostando nas próximas eleições (ainda
que saiba, em seu íntimo, que estas eleições podem ser fraudadas), se você
prefere que o atual governo, publicamente corrupto (Michel Temer), permaneça no
poder pois a “economia tem de melhorar”. Se você utiliza tais argumentos em seu
dia-a-dia, sinto dizer mas você é cúmplice dos seis fatos acima descritos. E
por consequência, é cúmplice de um crime: a morte lenta e dolorosa da
consciência do povo brasileiro e a morte da esperança no Brasil.
No entanto, se
você sabe de tais fatos e quer fazer alguma coisa (qualquer coisa), que não
seja acreditar em políticos e nem em salvadores da pátria, então temos muito o
que conversar a partir de agora.
Ø Um
problema geracional:
No entanto, a
mudança que podemos vislumbrar não dará resultado na nossa geração. Nós somos a
geração que vai LUTAR, que vai INICIAR um processo. O término deste processo
talvez só venha com nossos netos, quando já estivermos todos mortos. Isso é
importante de ser esclarecido, pois não estamos falando do imediato prazo, nem
do curto prazo e nem do médio prazo. Estamos falando do longo prazo. Em todo
caso, a mudança que resolvermos adotar agora, ecoará nos próximos séculos. E
embora os sacrifícios sejam muitos, é certo que o futuro será melhor do que o
nosso presente.
Não podemos
mais fugir da realidade. O Brasil como está não funciona. E não tem como
continuar funcionando. Nossas instituições não possuem a chancela do povo, os
líderes não são respeitados e nem merecem o respeito do povo. Tanto setores
económicos como políticos e jurídicos estão em conluio pela manutenção de uma
matriz, onde o mesmo grupo de indivíduos sempre se beneficiarão enquanto a
grande massa brigará por migalhas.
O povo
brasileiro é culpado por isso. Em grande medida, por querer se dar bem tanto
quanto estes marginais de alto escalão. Mas se antes tínhamos a desculpa da
desinformação e falta de percepção, hoje não podemos mais usar esta desculpa.
Nós sabemos qual é o problema. E o mundo sabe que nós sabemos. Nós reconhecemos
quais são os símbolos que nos impedem de avançar nesta vida. Somos brasileiros,
temos um mesmo inimigo e no entanto, querem nos dividir e nos controlar.
Está na hora
do povo brasileiro se unir contra o sistema por inteiro. Desde as Câmaras de
Vereadores até o Senado Federal, Câmara dos Deputados, Supremo Tribunal Federal
e Palácio do Planalto. O Estado tem de temer o povo, não o contrário. A escolha
que você, que quer lutar, possui diante de si é a seguinte: você pode e deve desobedecer o Estado
brasileiro. Você pode e deve exigir uma mudança radical e absoluta. O povo deve derrubar o sistema, pedra por
pedra, literalmente. Políticos corruptos devem ser retirados de seus
gabinetes violentamente. Deve haver linchamento público. Deve-se instalar o
caos.
Eu sei o que
você está pensando. “Oras, mas ai os
militares vão aparecer e vai virar uma guerra civil, do Estado contra o povo”.
Sim, é isso que vai acontecer. E não sou ingénuo em achar que as coisas ficarão
boas, porque não ficarão. Tudo piorará muito. Vai morrer muita gente, vai haver
muita crueldade, muito sangue de toda parte. O país entrará em colapso, a
economia vai decair completamente e o povo ficará, pela primeira vez, diante de
si mesma sem desculpas. Nua e crua.
Diante do caos,
contudo, todo brasileiro notará uma coisa simples: as instituições são
necessárias. E mais do que isso, mais vale a paz do que a guerra. Seremos
obrigados a dialogar, se quisermos impedir mais caos e mais mortes. Seremos
obrigados a PARIR novas instituições, novos símbolos nacionais, novo hino, nova
constituição… parir um novo Brasil. É daqui que a luta começará a provar seus
resultados. Pois, embora o caos aparente indique um caminho sem volta, a
certeza é que nunca mais voltaremos ao caminho que vivemos hoje. Se o povo se revoltar em UNÍSSONO contra o
Estado brasileiro, será um grito de liberdade que ecoará sobre a eternidade.
Então, as
futuras gerações crescerão num ambiente onde recearão perder aquilo que foi conquistado.
E quando se teme perder algo, é porque se ama este algo. Quando o povo temer
perder o Brasil, começará a dar valor ao Brasil e suas instituições. Então, uma
nova sociedade irá nascer. E desta, novos políticos e uma nova agenda, desta
vez inteiramente a favor do povo e da nossa autonomia enquanto civilização.
Nossa luta nos daria um sentido de brasilidade e finalmente reconheceríamos o
que é ser brasileiro e qual é o destino do Brasil entre o teatro das nações.
Esse é o único caminho pelo qual podemos refundar o Brasil.
Você pode
dizer: mas e os efeitos colaterais? E se nem tudo sair como o esperado?
Reconheço que
uma revolta popular contra o Estado pode gerar todo tipo de consequência. Pode
ser que o Brasil se divida em dois ou mais pequenos Estados. Pode ser que
aconteça uma intervenção internacional. Pode ser que uma nova ditadura emerja.
Pode ser que outros países invadam o Brasil. Pode acontecer muita coisa. Mas
quando a gente tem um filho, não temos a mínima ideia de como ele irá crescer e
como irá viver. Podemos parir um filho para ele virar um bandido, ou para virar
uma pessoa de caráter muito bem-sucedida na vida. Com um país, não é diferente.
Precisamos
fazer o parto de um novo Brasil. E isso exigirá sangue. Não posso prometer que
tudo ficará bem, mas posso garantir uma coisa: nada será como antes. E só isso
já deve ser motivo de sobra para a luta do povo contra o Estado brasileiro e
todos os órgãos que sustentam este sistema, público ou privados. A esperança
não pode morrer.
Ø E
se ninguém fizer nada de radical e empurrarmos as coisas com a barriga?
Posso parecer
pessimista, mas me considero apenas um realista. Se não houver uma luta
unificada do povo contra o Estado brasileiro, em nome de uma reforma absoluta,
o sistema vai se adaptar. Novos líderes vão surgir com novos discursos. Mas
nada vai mudar de fato. Vai continuar a mesma coisa que é hoje. O Brasil vai
continuar a ser o eterno “país do futuro”, que nunca chegará. Nossa mudança não
é educacional e não é via palavras. O nosso povo só entende atitudes. E a única
atitude que o povo entende, é a radical e violenta.
Nós TEMOS de viver esta briga. E não digo isso com desejo de carnificina, pois não é algo que nenhum ser humano normal deseja. Eu não estou olhando para a situação com olhos de curto prazo. Estou olhando secularmente para nosso problema e como resolve-lo efetivamente e absolutamente.
Se não
fizermos a dura escolha, nossos filhos e netos crescerão num ambiente cada vez
mais hostil ao aprendizado, mais rápido e portanto menos favorável a produção
de conhecimento e isso afetará cognitivamente a sua concepção de nacionalidade
e de brasilidade. O momento é agora. Provavelmente, um momento único em toda a
nossa história.
E então? O que
você vai escolher?